Leandro Martins e seu presente de 40 anos: todas as provas da marca IM no Brasil em 2025
O engenheiro eletricista Leandro Martins de Araujo completa 40 anos em 2025, e escolheu se dar de presente correr este ano todas as provas da marca IM no Brasil. Atleta da Sky Assessoria Esportiva, com sede no Rio de Janeiro, Leandro, que é carioca mas mora em Brasília-DF, falou sobre os desafios da jornada. O treinamento solitário e à distância, o apoio da família e o triathlon como estilo de vida. Confira!
´´Sempre tive uma jornada sedentária, focando sempre em estudos e trabalho. Em 2013 tive um problema de saúde e removi a vesícula. Antes da cirurgia o médico disse que meu grau de obesidade estava bem acentuado: eu pesava 113 quilos com 1,68m de altura. Isso foi o estopim para decidir, com muito incentivo da minha esposa, iniciar atividades esportivas. Foram longas e duras caminhadas até começar a correr. E como todo iniciante, caminhando e trotando até evoluir para pequenos circuitos de 3 e 5K. Depois as performances foram melhorando e o excesso de peso indo embora. Assim fui vislumbrando que era possível alcançar novas distâncias e novos desafios.
No fim de 2017 decidi fazer um triathlon na natureza, o XTerra Mangaratiba. A prova seria em março de 2018 e nela eu iniciava minha trajetória, com 750m de natação; 18,5km de mountain bike e 5km de corrida. Um short triathlon na natureza. Foi duríssimo para um iniciante que na época decidiu realizar a prova sem qualquer orientação. Simplesmente buscando sozinho informações na internet e se auto prescrevendo os treinos. Assim foi o início e a mordida pelo bichinho do triathlon.
No início do mesmo ano, 2018, fomos para o segundo desafio, ainda no trail triathlon com o XTerra Ilhabela. Prova dura mas já melhor que a anterior. Foi quando decidi entrar de vez na vida do triathlon. Não apenas como um esporte, mas como um estilo de vida, deixando-o realmente fazer parte da minha rotina. E no fim de agosto (2018) decidi procurar uma assessoria profissional. Foi quando conheci o coach Nilson Jr e quando começamos de fato um plano de treinamento sustentável a longo prazo.
Desde que comecei a praticar triathlon, em 2018, sempre tive muita resiliência, o que me ajuda nas longas distâncias. No final daquele ano ainda fiz provas nas distâncias short e standard, mas logo optei pelas provas long distance. Em abril de 2019, em Florianópolis, estreei no IM 70.3 e vi que era isso o que eu queria. As provas mais curtas passaram a ser treinos de luxo, como parte da preparação. Naquele ano ainda fiz o IM 70.3 Rio e depois tive a oportunidade de trabalhar em Brasília.
O desafio agora era treinar sozinho, em novo local e conciliar com as viagens semanais para o Rio. Mas tudo se ajeita e temos a capacidade de nos adaptarmos. E aqui não posso deixar de agradecer a paciência e a compreensão de minha esposa e meu filho. Em seguida, tivemos um desafio chamado COVID, que impactou todo o calendário de 2020 e 2021. Mas os treinamentos foram mantidos, adaptados à realidade do momento.
Em 2023 fiz o Ironman Brasil, os 70.3 Floripa e Rio; e o Campeonato Brasileiro de Long Distance, em Porto Seguro, conquistando vaga para o Mundial de Ibiza. Em 2024, novamente o Ironman Brasil, mais os IM 70.3 Rio e Aracaju, além de outras provas. Sempre montando a estratégia do ano com o coach Nilson Jr.
Depois das provas de 2024, conversei primeiro com minha esposa, por que a rotina de treinos e provas não impacta só em mim, mas em todos ao meu redor. É preciso ter esta compreensão no ambiente familiar, por que caso contrário a autossabotagem com certeza acaba pegando a gente. Expliquei que como em 2025 completo 40 anos, gostaria de intensificar os desafios e fazer todas as provas da marca IM Brasil: cinco 70.3 (Brasília, Floripa, Rio, São Paulo e Aracaju); mais o Ironman Brasil, em Florianópolis.
Com o desafio aceito em casa, passei a bola para coach Nilson. É uma parceria, e tenho muita confiança nele. Ele prescreve e orienta. E eu cumpro a planilha, caso contrário a magia não acontece. Como disse, tenho a mentalidade de fazer do triathlon um estilo de vida, o que torna um pouco mais fácil de conciliar com família e trabalho. Claro, sou casado, tenho um filho de 15 anos e eles querem viajar, sair para jantar, tomar um vinho… Temos que conciliar tudo isso! Não deixo de fazer nada, mas opto em ser, eu diria, comedido (risos).
Se vamos viajar, procuro hotel com uma estrutura em que eu consiga treinar minimamente, com esteira, piscina, bike… Se vamos a um evento, uma festa, em vez de tomar todas, tomo uma taça de vinho ou uma cerveja, afinal no dia seguinte tem três ou quatro horas de bike.
É preciso lembrar que quem pratica o esporte sou eu, não minha família e é claro que há conflitos. Às vezes os caminhos são opostos e tudo bem. Tem que haver respeito e tolerância de todos que estão na jornada. Sou extremamente contemplado, por que não tenho impeditivo ou conflitos familiares. Esposa e filho sempre apoiam os desafios.
Eu diria que o maior desafio é conciliar a agenda principalmente com o trabalho, afinal é ele que paga os boletos, inclusive os que proporcionam toda esta jornada. Estamos falando de uma rotina de treinos que varia de 14 a 21 horas semanais e encaixar este volume com o trabalho requer um planejamento bem metódico. Cada hora e cada minuto conta, seja para treinar como para descansar. Com o tempo, aprendi a fazer essa correria maluca ir se encaixando.
Hoje tenho um macro planejamento do ano, dividido em semanas, e vou, junto com o coach, ajustando, semana a semana. Já estou nesta rotina há mais de seis anos e por isso digo que o triathlon virou, de fato, um estilo de vida. E acreditem: a capacidade de adaptação do ser humano é absurda!
A expectativa para esta temporada? Bem, não sou de criar muitas expectativas, prefiro ir construindo e assim os resultados vão acontecendo. Mas a meta é fazer bem as provas, manter a rotina e se isso se encaixar as coisas vão acontecer. É tijolinho a tijolinho. Será um calendário bem cheio, começando em abril e terminando em novembro. Estou bastante otimista!
Acredito que uma jornada assim muda a nossa vida. E muito! Claro que além da saúde física, em que meus marcadores tornaram-se estáveis, a qualidade de vida, o ânimo, a agilidade e a capacidade de resolver problemas tiveram ganhos imensuráveis em minha vida. Adicionalmente me trouxe ganhos como a capacidade de organização e planejamento, benefício mental e emocional, resiliência e paciência. Sem contar a tolerância à dor e a capacidade de me adaptar às adversidades.“