
João Victor e o UB515: ´uma prova como essa muda a forma como vejo o mundo!´
Nascido em Portugal, o economista e gestor de fundos de investimentos João Victor Cavaco, 40 anos, iniciou sua trajetória esportiva vivendo entre sua terra natal e o Brasil. No Rio de Janeiro, onde se estabeleceu definitivamente há cinco anos, o lusobrasileiro aproveita o belíssimo cenário para intensos treinos de natação, ciclismo e corrida. Cavaco conta com o apoio da Confederação de Triathlon de Portugal para seu desenvolvimento no esporte também no Brasil.
O resultado do treinamento é um currículo recheado de provas de triathlon e de suas três modalidades: no ciclismo fez o L´Etap, Tour do Rio e Audax; na natação, fez três vezes a Travessia dos Fortes, o Rei e Rainha do Mar; vna corrida, são duas maratonas e 20 meias. No triathlon, são sete provas de 70.3 do IronMan e um IM Brasil, no ano passado, o que lhe deu o Troféu Warrior do IM Brasil e o AWA Prata.
Agora, João Cavaco, atleta da SKY Assessoria Esportiva, está em plena jornada para o seu maior desafio, o UB515, o Ultratriathlon Brasil ou Campeonato Latino Americano de Ultraman, que será disputado nos dias 11, 12 e 13 de Brasil, entre Ubatuba-SP e Angra dos Reis-RJ. Confira!
´´Moro no Rio de Janeiro há quase cinco anos, mas sempre vim para cá e praticamente fui criado aqui. Sempre fui envolvido com esportes. Sempre nadei desde a infancia, sou faixa marrom de jiu-jitsu, faixa roxa de judo, treinei inúmeras artes marciais, treinei crossfit por ano. Mas sempre gostei muito de pedalar. Um belo dia fui nadar de manhã e depois com um amigo, treinando ciclismo em portugal, fomos fazer uma corrida pós treino para soltar musculatura. Ele me disse sobre um esporte que juntava as três modalidades e me apresentou um treinador que estava comecando a treinar pessoas para o triathlon. Comecei um pouco com ele, fiquei alguns meses e logo voltei para o Brasil. Foi quando conheci o Nilson e a SKY. E assim esse esporte tornou-se uma paixão.
Nessa jornada, as provas de ultraendurance tornaram-se uma barreira não apenas física mas tambem psicológica. E a representatividade do Ultraman Brasil vai além de ser apenas uma prova esportiva. Não participo de provas de ultra endurance para ganhar ou provar algo para os outros. Faço porque me transforma.
Cada prova me leva ao meu limite, me ensina a lidar com a dor, o cansaço e as dúvidas. No meio do caminho, muitas vezes penso em parar, mas sigo em frente, um passo de cada vez. Aprendi que a resistência não está apenas no corpo, mas principalmente na mente e no coração.
A solidão das trilhas, o frio da noite, a exaustão consecutiva dia após dia de prova… Tudo isso poderia me fazer desistir, mas, de alguma forma, me mantém em movimento. Me alimenta e me torna ainda mais antifrágil. Vai além da simples resiliência. Não corro para ser o mais rápido, corro para ser melhor do que eu era ontem.
No ultraendurance, não há atalhos ou garantias, apenas a estrada à frente. E é isso que me faz continuar. Porque cada linha de chegada não é o fim, mas um novo começo, uma nova oportunidade de me superar e aprender.
E treinar para um ultraman não é apenas uma preparação física, é um mergulho profundo na alma. São 515 quilômetros que vão muito além da natação, da bike e da corrida. Eles testam meu corpo, minha mente e minha essência. Há muita troca entre atleta e treinador. E o treinador acaba por conhecer mais o atleta do que o próprio atleta. E já há alguns meses, quiçá anos, converso com ele sobre as provas extremas. E automaticamente as oportunidades foram sendo criadas.
Minha jornada até aqui não foi fácil. Passei por inúmeras dificuldades de saúde, momentos em que duvidei se ainda seria capaz. Mas a resiliência que construí nesses treinos mudou tudo. Cada braçada nos 10 km de natação, cada pedalada nos 421 km de bike, cada passada nos 84 km de corrida me ensinou que a dor passa, o cansaço passa, mas a vontade de continuar precisa ser maior do que tudo.
Conciliar essa rotina com a vida social e profissional exigiu renúncias. Madrugadas acordando antes do sol, treinos longos que testavam meus limites, dias em que o corpo pedia descanso, mas a mente precisava seguir. Mas aprendi que disciplina não é prisão, é liberdade. Quanto mais me dedicava, mais via os reflexos disso em todas as áreas da minha vida. No trabalho, na forma como lido com desafios, na paciência e na gratidão pelas pequenas conquistas.
Nada disso seria possível sem o apoio da minha equipe. A SKY não é só um grupo de treinadores, é uma família! Foram eles que acreditaram em mim quando eu mesmo duvidava. Que ajustaram cada detalhe, que me ensinaram a respeitar o processo e a confiar que todo esforço valeria à pena.
E agora, prestes a enfrentar essa prova, sei que cada gota de suor, cada sacrifício, cada dor valeu. Porque o Ultraman não é sobre vencer. É sobre se tornar alguém melhor no caminho!
A expectativa para essa prova é algo difícil de descrever. Não é apenas ansiedade ou empolgação, é um turbilhão de emoções. Olho para trás e vejo tudo que precisei superar para chegar até aqui: as dificuldades, as dores, os dias em que duvidei de mim mesmo. Mas também vejo o quanto cresci, o quanto cada treino me fortaleceu, não só fisicamente, mas mentalmente e emocionalmente.
O Ultraman não é só mais uma prova. São 515 km de entrega total. Sei que vou enfrentar momentos de exaustão extrema, dores que vão testar meus limites e, em alguns instantes, talvez minha mente tente me convencer a parar. Mas também sei que é nessas horas que eu encontro meu verdadeiro motivo para estar aqui.
Espero não apenas completar a prova, mas viver cada segundo dela. Sentir o frio da água nos 10 km de natação, me conectar com cada pedalada nos 421 km de bike e, quando chegar a corrida, lembrar que cada passo me aproxima do que vim buscar.
Não sei exatamente o que vou sentir quando cruzar a linha de chegada. Mas sei que, independentemente do tempo, do cansaço, do que for preciso suportar, eu já venci. Porque estar aqui, pronto para esse desafio, já é a maior prova de que todo o esforço valeu a pena.
Encarar o Ultratriathlon Brasil 515 km é muito mais do que um desafio físico. É uma jornada que redefine quem eu sou. Durante a prova, o corpo chega ao limite, a mente tenta buscar atalhos, e é aí que a verdadeira transformação acontece. Aprendo a me controlar na dor, a encontrar força no esgotamento, a silenciar a dúvida e seguir em frente quando tudo dentro de mim pede para parar.
Uma prova como essa muda a forma como vejo o mundo. Depois de ultrapassar os 515 quilômetros, os desafios do dia a dia ganham uma nova perspectiva. As dificuldades que antes pareciam intransponíveis se tornam obstáculos possíveis de superar. A resiliência construída aqui se reflete na vida profissional, nas relações, na maneira como lido com o inesperado.
Mais do que cruzar uma linha de chegada, essa prova me ensina que somos muito mais fortes do que imaginamos. E que, quando nos recusamos a desistir, não importa a distância, sempre chegamos lá.´´