Paulo Henrique Manzini: ‘Uma coisa é fato: treinar é preciso! E muito! Muito mesmo!’
O empresário Paulo Henrique Manzini está muito perto de realizar o sonho de correr o Mundial de Ironman em Kona. Em sua quinta tentativa, aos 40 anos, ele conseguiu em Florianópolis a vaga pela qual tanto trabalhou. Numa prova em que, segundo ele, tudo deu certo. E foi exatamente na Ilha da Magia que este morador de São Carlos-SP fez sua primeira prova de ironman, em 2015.
“Fui ciclista na infância e fiquei muitos anos parado na juventude. Resolvi voltar aos pedais depois dos 28 anos de idade, como amador. Uns três ou quatro anos depois me interessei pelo triathlon. Mas acho que o sonho de competir em Kona é antigo. Minha primeira prova foi no início de 2013 e no final daquele ano já estava fazendo um 70.3”
Manzini já teve a oportunidade de disputar um Mundial de 70.3, em 2017, em Chattanooga, nos EUA. Nesta época já estava à caça da vaga no Mundial em Kona. Desde a preparação para o IM Brasil de 2017, Manzini mantém o alto volume nos treinos. Mas a vaga não vinha por detalhes.
“Na prova de 2015, em Floripa, eu não pensava na vaga para o Mundial. Até porque tive a infelicidade de pegar dengue 15 dias antes da prova. Mesmo com a proibição médica, decidi largar e completei com 10h32. Já em 2016, minha meta era ser sub10h e fiz a prova em 9h57. Mas nada de vaga. Em 2017, a meta já era a vaga, mas tive um pneu furado e a estratégia da prova foi pro espaço. Completei a prova em 9h38, passando perto. Neste mesmo ano fui a Mar Del Plata na Argentina e também tive um pneu furado, completando a prova próximo das 10h. Então, este ano, pela quarta vez larguei em Floripa, indo para o meu quinto ironman. E tudo deu muito certo. Natação dentro do esperado, pedal com disciplina, sabedoria, cautela e uma corrida boa. Fiz a prova em 9h20, sendo 35º geral e 2º na categoria 40/44. Vaga direta pra Kona!”
Nestes anos, Manzini fez várias provas de triátlon, entre elas os cinco irons e 14 meio irons. Muitas provas, especialmente as mais curtas, serviam de treino para algumas provas específicas. Tudo sempre muito bem planejado.
“Em 2017 o volume de treinos, que já era alto, aumentou ainda mais para o IM de Mar del Plata. Mas estava em cima da prova, então dei sequência até Florianópolis. Acho que neste período minha média semanal ficava entre 18 e 21h.”
Manzini já está em Kona, embarcou na última terça-feira, fechando um ciclo de 100 dias de treinos antes da prova, elevando os volumes para uma média semanal de 21 a 23 horas. Uma jornada em Manzini precisou muito do apoio da esposa, com quem tem um filho de cinco anos.
“Algumas semanas chegaram a ter 30 horas de treino, o que deixa a gente exausto. Não é fácil conciliar treino, trabalho e família. Teve várias semanas com 21 horas de treino, com três sessões por dia. Então os dias eram treino, trabalho, treino, trabalho, treino e descanso! Muitos treinos meus são depois do expediente de trabalho, que vai até 21, 22 e 23h! Nos finais de semana os longos de bike de cinco a seis horas, E para conseguir companhia, precisamos às vezes nos deslocar para outras cidades, formando bons grupos de treinos. Então vai o dia todo treinando e estando fora de casa!”
Manzini priorizou sua preparação, fez sacrifícios e espera chegar no dia da prova em sua melhor forma. Apesar da confiança, ele não quer perder a concentração, tenta não pensar muito no que vem pela frente, mas é impossível não se pegar falando ou visualizando o grande dia.
“Kona é Kona! É minha primeira vez lá e confesso que tenho receio ou até medo em falar algo! Preciso me controlar na bike, por ser meu ponto mais forte. O calor da corrida me preocupa demais! Sofro muito em provas quentes, pela minha estatura, de 1,97m, e transpiro demais!
A mudança, o comprometimento e os resultados
Para chegar até aqui, a poucos dias de uma largada em Kona, com os maiores atletas de ironman do mundo, foram milhares de braçadas, uma infinidade de pedaladas e milhares de passadas. Muitas mudanças na rotina de vida também!
“Mudei muito depois que inclui o triathlon em minha vida. Ele tornou se um estilo de vida. Mudam os amigos, as rotinas, a alimentação. Longa distância toma muito tempo e mexe com o emocional também! Estou cansado, exausto… Os treinos ficam sem resultado positivo, a paciência vai embora, a ansiedade toma conta e ficamos irritados nessa época!
Mas tem o lado bom! Amigos, estilo de vida, disciplina, foco! Com certeza passamos a servir exemplo para algumas pessoas, até mesmo na família!
Alcançamos objetivos, atingimos metas, resultados acima do esperado em algumas provas, outras não… Começamos a conviver com isso o tempo todo….
Começamos a entender mais o porquê das coisas. O tempo passa, a bagagem aumenta, vamos ficando cada vez mais envolvidos e não passa por minha cabeça jogar fora tudo o que conquistei ao longo do tempo com muito esforço e dedicação!
Tenho a felicidade de conviver com triatletas profissionais e amadores mais experientes, pessoas que estão indo para Kona pela terceira, quarta, quinta vez. E de idades variadas. Então, consigo trocar ideia e tiro muito proveito disso. A experiência deles me ajuda a tomar atitudes mais certas!
Uma coisa é fato: treinar é preciso! E muito! Muito mesmo!
Não podemos aceitar nossas próprias desculpas, arquitetadas por nossa mente, que afeta nosso consciente!
A força de vontade precisa prevalecer… um treino mal feito será sempre melhor que um treino perdido!
Eu coloco metas em não perder treino! Falhas vão acontecer, mas o pensamento de um treino perdido nos deixa mais chateado que um treino mal feito!
Me comprometo com pessoas sérias, que me cobram resultado. Se eu não cumprir estarei faltando com respeito ao próximo. Não só com o treinador, mas com os demais amigos envolvidos. E esta consideração e este respeito são muito importantes!
Eu sou dedicado… se é pra fazer, tento dar o meu melhor! Mas passamos por momentos de baixa estima. Aí entra a família! Problemas na empresa, dias ruins!
Claro que tem isso! Todo mundo tem problemas, mas eu sempre tento cumprir a planilha como um segundo trabalho! Garanto que a satisfação vale mais do que a desculpa!”