Janaína Garrot: arquiteta, urbanista, artista plástica e, principalmente, atleta

Janaína Garrot: arquiteta, urbanista, artista plástica e, principalmente, atleta

30 de dezembro de 2018 26 Por Paulo Prudente

O esporte sempre esteve na veia de Janaína Garrot. Desde criança ela sonhava ser atleta e na adolescência chegou a frequentar a escolinha de handebol do Fluminense. O sonho teve de ser interrompido por conta das aulas em tempo integral no CEFET, onde Janaína se formou em Técnica em Edificações.

Mas os sonhos não morrem! O tempo passou e Janaína um certo dia conheceu a corrida. Passou um pouco mais e ela começou a frequentar o pódio. Hoje, aos 30 anos, formada em Arquitetura e Urbanismo, Janaína é atleta! Confira!

“Antes de falar sobre meu início nas corridas, é preciso descrever brevemente como foi meu percurso até aqui.

Eu sempre quis ser atleta. Quando jovem, durante as aulas de educação física, conheci o handebol, logo comecei a me destacar e sempre sendo convocada para o time da escola. Quando assistia aos jogos, meus olhos brilhavam e eu sempre me imaginava nas quadras ao lado das atletas profissionais, mas acho que nunca alguém acreditou nisso e nunca tive alguém que pudesse buscar esse sonho comigo.

Um dia, do ônibus, avistei uma escolinha de handebol do Fluminense. Era num bairro próximo à minha casa e pedi para minha mãe me levar. Fomos. Fiquei na escolinha uns quatro meses, porque já estava iniciando os estudos na escola técnica. Eu tinha aula o dia inteiro e não era mais possível me dedicar e me desenvolver no esporte. Durou bem pouco e eu adorava ir treinar, mas me contentei com as aulas de educação física.

Na escola técnica, CEFET, eu me formei como Técnica em Edificações e logo ingressei no mercado de trabalho, no campo da Engenharia Civil. Neste momento, achei que o esporte iria ‘sumir’ da minha vida. Não sabia mais o que fazer, até que segui os passos do meu irmão e entrei para uma academia para fazer musculação. Não era bem o que eu queria. Eu gostava mesmo era de arremessar bola e correr para lá e para cá.

Certa vez, numa academia próxima ao trabalho, conheci um colega que fazia maratonas. Eu o achei o máximo só porque ele estava com aquela camisa. E foi ele quem me levou para o mundo das corridas. Na época, surgiu o grupo de corridas da academia e eu me inscrevi para minha primeira prova de rua. Foi quando descobri que havia provas de 5K, em 2008. A partir daí, minha história começou.

Com a treinadora Denise Charpenel

Eu fiquei toda boba quando recebi um e-mail sobre a retirada do kit. O texto começava com um ‘Cara Atleta’. Acho que era tudo o que eu sonhava ler um dia, alguém me chamando de atleta.

É fato que a corrida se tornou uma paixão, mas eu não tinha um treino específico e comecei como qualquer pessoa inicia na corrida: calça o tênis, junta os amigos e vai. Depois a gente compra um tênis legal, descobre que existe nomes para pisadas, relógios, etc.

Em 2010, iniciei o curso universitário e confesso que trabalhar e estudar era bem cansativo, mas eu sempre arrumava um jeito de organizar minha grade para encaixar o exercício em minha rotina. Assim eu fiz. Me formei em Arquitetura e Urbanismo, trabalhando e correndo. É, claro que não escapei das lesões, já que não tinha um treino de corrida orientado. Eu corria porque, no momento, a atividade havia se tornado uma válvula antiestresse.

Numa das lesões, eu machuquei seriamente o fêmur e fiquei muitos meses sem poder correr, mas eu podia fazer natação e, óbvio que eu fui. Eu não via muito sentido em treinar e não ter desafios e, então, procurei uma grande amiga que fazia triathlon. E o que eu fiz? Fui treinar com ela no mar para fazer travessia. Lá conheci pessoas que não treinavam só para o triathlon, tinham também os maratonistas, os ironmans, etc. Eu pirei com aquela turma e foi ali que eu entendi a importância de se comprometer com os treinos, sobre o que era ter um treinador, uma equipe e que existia um mundo de atletas amadores que se dedicavam ao esporte simplesmente por amor. Encontrei a minha turma. Todo mundo ali se tornou meu ídolo.

Minha vontade de evoluir no esporte só cresceu, mas eu não tinha tempo para me dedicar. O evento Maratona do Rio sempre ocorria durante minhas férias e eu acordava cedo para ver cada uma das minhas amigas chegarem. Era sempre emocionante ver cada pessoa cruzar aquela linha de chegada e eu passei a me ver no evento e, para mim, esse momento chegaria em breve: logo que eu terminasse a universidade. Eu prometi às minhas amigas que ao concluir a graduação eu faria a minha primeira meia maratona com elas.

E minha promessa foi cumprida. Defendi meu projeto final no fim de 2015 e no dia da minha colação de grau, quando meus amigos discutiam que pós-graduação fariam, eu já estava decidida a me tornar atleta. Procurei a assessoria mais próxima de minha casa com o único objetivo de completar minha primeira meia maratona. Mudei meus hábitos alimentares e foquei nos treinos, pois eu sabia que treinar para uma meia maratona não era algo tão simples e que cada alimento ingerido poderia interferir em meu rendimento.

Esta mudança começou em setembro de 2016 e meu crescimento na corrida foi muito além do que eu esperava. Nesses dois anos, com orientação dos profissionais da Assessoria Corrida PARATODOS, tive conquistas inesperadas, não tenho lesões e sigo à risca cada dia de treino e descanso propostos. Confiar e valorizar os profissionais faz toda diferença, diminui nossos riscos e medos.

Chegou 2017, que seria o grande ano. O frio na barriga com os treinos para minha primeira meia maratona… A prova alvo era a Meia do Rio, mas acabei sendo ‘batizada’ na Meia do Porto, em maio, que se tornou minha prova teste. Foi a melhor coisa que fiz porque acabei com aquela ansiedade, questionamentos e inseguranças que surgem ao longo dos treinos: ‘será que vou conseguir?’; ‘será que vou quebrar?’; ‘qual meu ritmo de prova?’; ‘qual a sensação?’. Depois disso a Meia Maratona do Rio foi só alegria. Engrenei na Meia da Asics e também participei dos 21km do XTerra Costa Verde, em agosto, que me rendeu um pódio de 3º lugar na faixa etária 25-29.

Entre uma prova e outra, participei de outras corridas com percursos mais curtos entre 5 e 10km, em algumas obtive destaque, como:

– APTR Ilha Grande: 1ª geral na prova de 4K

– WTR Arraial do Cabo: 5ª geral, dupla mista, 21K

– CORRIDA SOLDADO DO BOPE: 5ª geral na prova de 6K

E ainda fechei o ano conhecendo a Corrida de São Silvestre. Foi um ano e tanto!

Veio 2018, o ano da mudança. Mudei de faixa etária e com 30 anos entrei numa das categorias mais disputadas nas corridas de rua. Minha estratégia foi treinar mais. Claro que eu queria evoluir e melhorar meu tempo nas provas curtas. No primeiro semestre, o foco era para os 21km e no segundo semestre ‘pescar’ um pódio nesta faixa tão concorrida. Demorou, mas saiu! Até mais do que esperava. Foram seis.

Mas 2018 também foi um ano inovador! Minha treinadora, Denise Charpenel, iniciou um projeto chamado “Triathlon PARATODOS” e, claro, que ela me colocou nessa! Eu ainda não faço triathlon, mas ela me levou para nadar e eu acabei estreando no Aquathlon, que é uma prova mista de natação (1km) e corrida (5km). Foi uma experiência adorável! Eu consegui pódios em minha faixa etária e fechei o ano liderando o ranking da Federação de Triathlon na minha categoria.

Meus objetivos para 2019 são focar em algumas provas trail run, como o XTerra e a XCRun (ainda não sei se arrisco uma dupla ou quarteto, mas é certo que quero dividir esta prova com meus amigos de equipe), melhorar meu tempo na Meia do Rio e, no segundo semestre, voltar o foco para as provas de 10km. Ainda não tenho ambição de completar uma maratona. Gosto de provas curtas e os 21km já são um “longo” suportável para mim. Ainda não tenho paciência para correr por mais de 3h. Fazer um triathlon ainda é uma vontade, mas ainda não tenho condições de investir, porém não sairá de meus planos.

Uma coisa é certa, meus objetivos sempre serão superar meus índices, traçar novos planos e concluir me divertindo. E vale lembrar que sair de casa para treinar nunca foi um sofrimento, pelo contrário, é sempre um prazer.

Com a equipe CORRIDA PARA TODOS

Hoje, posso dizer que me realizo participando dessas provas. Já conquistei alguns pódios, mas os troféus são apenas simbólicos. As maiores conquistas são a superação pessoal, as pessoas e histórias que encontramos ao longo dos percursos. Como disse no início, eu era amante de um esporte coletivo e a corrida não se limita a isso. Sempre encontramos alguém que vai nos incentivar durante a prova ou até mesmo pegar um copo d’água para você. A gentileza é constante nessas provas e eu aprendo a cada dia.

A corrida só me traz coisa boa e não consigo me ver mais longe dessa atmosfera. Todo mundo tem sempre uma história para contar e tudo pode mudar de uma hora para outra na vida de alguém. Eu acredito que a corrida, ou qualquer outra modalidade, sempre terá alguma uma influência muito significativa na vida de alguém. Ela teve na minha e faz toda diferença nesta minha nova fase. Me ajudou a ser forte, resgatar minha confiança e mostrar que posso chegar aonde eu quiser se eu tiver determinação e foco, além de me proporcionar uma excelente qualidade de vida. E, esses aprendizados, eu levo comigo”.