Mariana Rabischoffsky: e a mudança de vida com o triathlon
Estudante de Medicina, a carioca Mariana Rabischoffsky, de 22 anos, pratica triathlon há pouco tempo. Apesar da curta experiência, conquistou vaga no Mundial 70.3, disputado há menos de um mês na África do Sul. Domingo, Mariana vai alinhar mais uma vez para uma prova de meio ironman, no Rio de Janeiro. Confira seu depoimento!
“Sempre fui uma criança ativa. Eclética, mas ativa. Já fiz desde o balé clássico até o futebol de areia. Mas nunca fiquei muito tempo praticando o mesmo esporte. Não me identificava e muito menos levava jeito. A partir dos 12 anos, quando decidi entrar na academia, parei de procurar esporte e passei a focar no fitness.
Até que em 2015/16 fui passar um mês na França e decidi começar a correr para emagrecer. Comecei a correr na academia, comprei um tênis específico e um suporte de celular para braço, baixei um app de corrida e lá fui me aventurar na rua. Fiquei bons seis meses assim, até que resolvi me inscrever numa meia maratona, sem nem saber direito o que estava fazendo, ahahah.
Faltando quatro semanas para a prova começou a bater o desespero de não estar pronta o suficiente e botei na cabeça que precisava entrar numa dessas assessorias que eu sempre via na praia quando estava correndo. Lembro que chegando em casa a única que vinha na minha cabeça era “uma tal de Sky”. Por ser um nome fácil de decorar fui atrás dela mesmo. No dia seguinte estava correndo com eles.
Então eu vi que o técnico de corrida dava treino de natação também. Como sempre tive uma dívida pessoal por não saber nadar, resolvi começar a fazer os treinos de natação com a equipe. Fiquei alguns meses em uma raia separada aprendendo a nadar. Acabei convencendo meu esposo (namorado na época) a também participar dos treinos de natação e corrida. Ele, que adora um desafio, foi procurar saber o que era o triathlon e de cara se inscreveu em um ironman. Algumas semanas depois ele apareceu com uma bicicleta na minha portaria e a partir daquele dia mergulhei de cabeça nesse mundo até então totalmente desconhecido para mim.
E domingo, no Rio, vou para meu para meu terceiro meio ironman. É uma distância de que gosto muito, que ao mesmo tempo em que é desafiadora e exigente, é mais fácil de conciliar com a rotina. Mas tenho o desejo de logo fazer o full ironman. Sei que não há momento ideal para isso, então logo logo me inscrevo em um.
Acabei de correr o Campeonato Mundial de 70.3 na África do Sul. Que energia! Correr com os melhores do mundo é inspirador, desafiador e emocionante. Uma prova dura e linda. Fui com a cabeça de curtir e posso afirmar que curti cada segundo dela. Foi muito especial!
Muito se fala da rotina de treinos de quem faz provas longas. Não diria que ela é difícil. É uma rotina exigente, em que você precisa organizar bastante os seus dias. Treino todo dia, duas ou três vezes por dia. Não é uma dedicação exclusiva, então os treinos são na madrugada, em horários alternativos, já que essa não é minha profissão. Então todo horário que eu tenho livre é dedicado aos treinos.
Atualmente, às segundas, quartas e sextas eu nado e corro. Geralmente uma hora cada um, às vezes um pouco mais. Terças e quintas eu pedalo duas horas, corro e depois malho. Final de semana tem os melhores treinos, que são os longos. Confesso que por mim ficaria horas em cima da bike ou correndo em um ritmo confortável. Então não é sacrifício algum acordar sábado às 4h da madrugada para treinar.
Moro muito longe do hospital em que eu fico, então 7h da manhã já tenho que estar no carro indo para lá. E treinar na volta é quase impossível já que costumo chegar umas 18h30/19h morta e só querendo comer e dormir. Com isso fica bem corrido o meu dia.
Minha maior dificuldade, sem dúvidas é a natação. Eu basicamente aprendi a nadar no triathlon. Lembro que a primeira vez em que entrei na piscina (de 25m) e não consegui chegar na metade dela nadando. Tive a certeza de que nunca conseguiria fazer uma ida e volta completa, sem parar. Treinei uns seis meses basicamente só a técnica, aprendendo a nadar do zero mesmo. Hoje em dia, sei me defender e me virar direitinho, mas das três modalidades é a que menos me identifico. Então sempre que eu preciso cortar um treino é ela que fica para trás. E essas escolhas, sem dúvida alguma, atrapalham bastante minha evolução na modalidade.
Meu marido é triatleta também, o que ajuda bastante. Quando treinamos acaba sendo um momento em que ficamos juntos, já que passamos muito tempo fora de casa. Minha família já começou a aceitar o fato de eu viver em um fuso diferentes. Os jantares de final de semana passaram a ser substituídos por almoços. Mas levou um bom tempo para se acostumarem com meu estilo de vida, já que foi uma mudança meio radical.
O triathlon mudou tudo em minha vida. Nemo sei por onde começar. Desde me tornar uma pessoa menos ansiosa, até descobrir que meus limites vão muito além do que eu imaginava. Quando a gente se desafia a gente se descobre e no triathlon são desafios diários. É um autoconhecimento muito grande. Não sonho baixar tempos ou de fazer determinadas provas. Meu sonho é praticar esse esporte até ficar bem velhinha e pode fazer várias provas pelo mundo
Domingo tenho o Ironman70.3 do Rio, apenas quatro semanas depois do Mundial. Confesso que fazer duas provas no intervalo de um mês está sendo bem desgastante. Depois, quero descansar e me recuperar bem e só então pensar em outra prova alvo. Mas certamente será algum 70.3 pelo Brasil”.