Fábio Vale: enfim a Maratona
Se você passa com frequência pelas imediações do Maracanã, de manhã ou à noite, certamente já viu dezenas de pessoas correndo. Cada uma com um objetivo ou com uma meta a cumprir. Muitos ali treinam para sua primeira maratona, como o administrador de empresas Fábio Vale, de 39 anos. Atleta da André Cavalcanti Assessoria Esportiva, Fábio, assim como muitos corredores amadores, criou uma estratégia para ajudar a manter o foco: olha a para a Avenida Radial Oeste e se imagina no dia da prova, em plena Avenida Vieira Souto, na orla de Ipanema. Confira!
Quando e como começou a correr?
Comecei a correr por acaso, quando passei no concurso de Investigador da Polícia Civil em 2006. Em um certame muito atribulado, numa quinta-feira, por telegrama, fui comunicado que o TAF (Teste de Aptidão Física), seria no sábado. Mas como não tinha ninguém em casa, o porteiro entregou o documento apenas no domingo! Sem qualquer preparo ou orientação, fui como um louco para a saudosa pista do Célio de Barros. Conversei com a responsável pelo concurso, a respeitada Marta Rocha, que gentilmente concordou que eu participasse depois de todos. Na prova, fiz a primeira volta com um bombeiro na minha frente, quando ouvi lá de fora um “vai coelho!”. Realmente estava tudo errado! Na segunda volta eu já estava exausto e, quando falei com o militar que eu estava cansado, ele me orientou a cuidar da respiração e ter força de vontade. Completei a prova dentro do tempo e fui aprovado. Aprendi naquele dia o peso do fator psicológico na corrida.
E quando bateu a vontade de correr uma maratona?
Infelizmente o cenário em nosso país não é muito bom. A empresa em que trabalho, por exemplo, vive atualmente com notícias de privatização e a melhor decisão para não ficar emparedado foi lembrar que sonhos não envelhecem. Para manter a mente sã e o corpo são, fui em busca destes sonhos. Mas a ideia de correr uma maratona demorou pelo menos dez anos ser posta em prática. Recentemente encontrei uma anotação com minhas metas de 2009 e lá estava “fazer uma maratona”.
E qual será?
A princípio seria a Maratona do Rio, em junho, mas descobri a Maratona de Brasília, que será especial tendo em vista a celebração de seus 60 anos. A prova está marcada para 19 de abril e vou correr sem compromisso. Se eu conseguir completar, maravilhoso, se não der, tem a do Rio.
Como foi sua evolução até aqui?
Antes de entrar na assessoria o máximo que eu consegui correr foi 8,5km. Entrei para a André Cavalcanti em março de 2019 e em duas semanas, consegui com uma certa dificuldade correr 10 km em 1h05min. Em 22 de junho fiz a minha primeira meia maratona, em 2h20min. A segunda meia fiz em 28 de julho, em 2h cravados. A terceira em 29 de setembro, em 1h58min.
O que espera desta jornada de treinos?
O que eu espero dos treinos é a máxima de Sócrates: “Conhece a ti mesmo”! Ou seja, descobrir os meus limites, medir minhas dificuldades e aprender com pontos fortes e fracos a fim de não ter surpresa alguma no dia da prova. Assim como fiz no ano passado para consegui alcançar o objetivo nas três meias que fiz ano passado.
Ansiedade é um problema pra você?
Dizer que não há ansiedade seria desleal comigo mesmo. No momento da confirmação da inscrição já foi possível sentir aquele frio na barriga! Mas, nos treinos, eu tento justamente trabalhar essa ansiedade ao tentar projetar mentalmente a emoção da prova: ver a praia de Ipanema na minha frente, mesmo correndo na Radial Oeste no Maracanã. Ou até mesmo sentir a emoção da torcida fora das pistas. Talvez por esse motivo eu tenha me emocionado tanto na última São Silvestre ao ver de fato tanta energia positiva dentro e fora da pista.
Psicologicamente, o que é mais difícil: controlar a vontade de treinar muito, em excesso, ou a ‘preguiça’, que pode bater de vez em quando?
Um pouco dos dois. Há dias que dá vontade de treinar muito, mas sempre respeitei os meus limites, procurando fazer exatamente o que consta na planilha. E há momentos de “preguiça”, tendo em vista problemas particulares que drenam a energia ou dias chuvosos que atrapalham um pouco o treino, principalmente porque uso óculos.
Qual a importância da assessoria nesta jornada?
A assessoria é fundamental! Sem ela, certamente não teria saído dos 10 km. Há um misto de profissionalismo com amizade, além de te dar segurança e confiança quando se ouve depois de conseguir um desafio antes instransponível que “será disso para melhor”.
A palavra do treinador André Cavalcanti
“Quando um atleta demonstra o desejo de correr uma maratona, primeiro eu vejo o seu histórico em meias. Se é um aluno que tem foco e disciplina nos treinos. O treinamento para uma maratona tem no mínimo seis meses, sendo muito intenso nos dois últimos meses. Três semanas antes da prova, meus atletas fazem o último longão, de 36km, ficando pronto para a prova. Depois é regenerativo e manutenção. É muito importante fazer musculação!
Tem que ter corpo para se preparar. Quando o aluno não tem este perfil ou histórico, eu converso e digo que talvez não seja a hora. Já consegui em certos casos persuadir o aluno a correr uma meia. O volume de treinos é grande com treinos longos, regenerativos e de intensidade. Uma planilha flexível de acordo com o resultado obtido no decorrer do treinamento”.