Marcelo Franca e IM Brasil: uma jornada de acerto de contas

Marcelo Franca e IM Brasil: uma jornada de acerto de contas

14 de agosto de 2019 1 Por Paulo Prudente

O servidor Marcelo Franca, de 37 anos, já está inscrito no IM Brasil 2020. Triatleta da Beto Lundgren Coaching, no Rio de Janeiro, Marcelo foi um dos muitos prejudicados no vergonhoso caso dos pregos jogados na pista, que deixou dezenas de pneus furados na prova de 2018. “Tive três furos e acabei desistindo de completar a prova. Ficou essa pendência na minha vida”, conta frustrado.

Marcelo começou a praticar esportes bem cedo. Aos três anos já estava matriculado numa escolinha de natação. E lá ficou até completar nove anos. Na adolescência passou pelo karatê, voltou para a natação e depois se dedicou mais à musculação. “Um cara mais da maromba”, confessa. Até que com 20 e poucos anos foi convidado para fazer uma corrida de rua. Sua primeira experiência foi em uma maratona de revezamento.

“Voltei a me animar, mas senti dores no joelho. Procurei alguns ortopedistas e eles me condenaram em relação a praticar corrida. Aí voltei a ficar só na musculação. Mas com o tempo, este esquema de musculação sem atividade aeróbica acabou me complicando com as taxas de colesterol. Tentei voltar a fazer algumas coisas, como o spinning, mas o joelho voltou a doer”.

Marcelo então decidiu procurar alguns fisioterapeutas. E em alguma dessas consultas conheceu profissionais que indicaram uma forma específica de fortalecimento e o uso de palmilhas ortopédicas personalizadas. Problema aparentemente resolvido.

“Primeiro voltei a pedalar e fazer spinning. Não senti o joelho e voltei a correr aos poucos no fim de 2014. Comecei com aquelas provas de 5 e 10K e aí veio a vontade de correr a primeira meia maratona. E minha primeira foi a Meia Internacional do Rio, em 2016”.

De volta às corridas, Marcelo começou a pensar no triathlon depois de assistir a uma reportagem no Esporte Espetacular no fim de 2016.  Pode-se dizer que ninguém menos que Fernanda Keller foi a responsável por ele ter se tornado triatleta.

“Era o quadro ‘Rumo ao Ápice’, em que a Fernanda havia pego três pessoas comuns para fazer um meio ironman. Eu estava me preparando para a Corrida de São Silvestre e desde aquela meia maratona eu pensava sobre o que fazer da minha vida em relação ao esporte. Se entrava na onda do meio ironman ou se treinava para correr uma maratona”.

Fernanda Keller acabou convencendo Marcelo a escolher a jornada rumo ao 70.3 Rio. E o primeiro passo era escolher uma assessoria e treinamento especializado. Depois de pegar algumas informações, lhe fora indicado o nome de Beto Lundgren. E o primeiro contato com treinador já foi no meio de um desafio. Bom sinal! Até por que o que seria uma jornada de treinamento para um meio iron, passou a ser também o início da caminhada para o Ironman Brasil 2018.

“Lembro perfeitamente quando conversei com ele, no dia 20 de janeiro de 2017. Era feriado de São Sebastião e a gente subiu correndo à Vista Chinesa. Por mais que eu seja carioca eu não lembrava de ter ido lá e fui a primeira vez correndo com ele. Ali começamos o projeto do meio iron, que seria em outubro de 2017.  Formamos um grupo muito legal. E no meio deste processo o pessoal começou a colocar pilha, o Beto disse que dava e então já começamos a nos preparar para o Ironman Brasil 2018”.

A jornada para o 70.3 Florianópolis correu sem sustos e Marcelo completou a prova em 5h35min. Aí veio a preparação para o IM Brasil. Tudo certo, sem problemas. Até a semana da prova, quando a greve dos caminhoneiros impediu a chegada de algumas bikes na capital catarinense. E no fim da semana da prova o lamentável caso das tachinhas na pista.

“Conseguimos algumas bikes emprestadas e fomos para a prova. Aí teve a questão das tachinhas.  Graças a Deus, do nosso grupo só eu fiquei pelo caminho, mas tenho outros conhecidos que também ficaram. Tive três furos e acabei desistindo de completar a prova e ficou essa pendência na minha vida”.

Mas em meio à frustração, Marcelo ergueu a cabeça e ainda conseguiu se inscrever para a Maratona do Rio, que aconteceria uma semana depois. Afinal, a preparação já estava feita.

“Fiz a inscrição lá da transição mesmo, pelo celular. E foi uma espécie de disputa da medalha de bronze, sabe? Tipo, perdeu a semifinal, tem que levantar a cabeça porque ainda tem a disputa do 3º lugar. E fiquei muito contente de não ter desperdiçado completamente o treinamento para o Ironman. Pelo menos saí desta jornada como maratonista”.

Com o sonho do Ironman adiado, Marcelo tratou de retomar os treinos, traçar novas metas e ir atrás delas. Desta vez com um desafio a mais. O de ser pai. Felipe nasceu em 5 de setembro de 2018 e acrescentou mais emoção a esta jornada, que incluiu o 70.3 Florianópolis, em que Marcelo baixou seu tempo para 5h16min

“Meu sonho ainda é completar o Ironman. Este ano optei por fazer o meio iron de novo, em Floripa. E com a chegada do Felipe os desafios ficaram bem maiores em relação a conciliar treinos, horas de sono… É bem complicado. Mas deu para fazer a prova, e bem. Desde então eu ponho pilha na minha esposa para o projeto de fazer o IM ano que vem. Fizemos as negociações e eu estou inscrito. Vamos ver como será até lá. Estou treinando com o Beto e tenho evoluindo em algumas coisas, principalmente na bike, que das três modalidades talvez seja a que eu menos gosto no triathlon.

O esporte tem um impacto total em minha vida. Disposição, ânimo, disciplina… Aliás, sempre fui disciplinado. Sempre tem um treino prescrito para fazer e eu vou lá e faço. Sou comprometido e dificilmente deixo um vermelho na planilha. Só por motivos de força maior, que eventualmente pode ser um jogo do Flamengo à noite, mais aí um bebê acordando na madrugada… Aí não dou conta mesmo!”.