Mônica de Castilho vive a expectativa de correr sua terceira ‘major’, em Berlim

Mônica de Castilho vive a expectativa de correr sua terceira ‘major’, em Berlim

20 de agosto de 2019 0 Por Paulo Prudente

Em Nova York

A empresária Monica de Castilho, 41 anos, está na fase final de preparação para sua quinta maratona, a terceira major. Em 29 de setembro ela estará na Alemanha para correr pela primeira vez a histórica e rápida Maratona de Berlim. O esporte é algo que Mônica traz desde o berço. Filha e irmã de triatletas, ela sempre foi incentivada à prática esportiva. Começou com a natação, aos 4 anos, no Fluminense, onde foi federada até os 12 anos. Depois se aventurou no triathlon, inspirada no pai, um dos precursores da modalidade no Brasil, e no irmão, Virgílio de Castilho.  Aliás, além de inspirar, Virgílio é responsável por todo o planejamento de treinos da irmã, através de da De Castilho Club, assessoria esportiva recém-criada no Rio de Janeiro.

“Tive uma infância dedicada ao esporte, porém na adolescência já não queria mais nadar. Mas sempre dava umas corridinhas no calçadão. Com uns 20 anos decidi me aventurar no triathlon igual ao meu irmão. Ele foi profissional e eu pratiquei de forma amadora, sendo campeã na minha categoria por vários anos seguidos em Santos, no Troféu Brasil. Um fator que influenciou muito em nossa vida esportiva, foi acompanharmos com minha mãe, meu pai nas maratonas e em provas de triathlon. Lembro que ele chegava do trabalho e nos levava para dar uma corridinha no Aterro. Era uma distância bem curtinha, mas adorávamos”, conta Mônica.

Em casa, no Rio de Janeiro

O tempo passou e a empresária foi cultivando com mais carinho a vontade de correr uma maratona. Algo que ela deixava meio de lado por conta da difícil rotina de treinos para correr a distância. Não por medo de assumir os riscos, mas por que se era para fazer, tinha que ser com uma meta, um objetivo. Ela tinha que fazer bem feito. Até que em 2016 decidiu fazer a Maratona do Rio.

“Passei a me dedicar mais aos treinos para uma maratona já ‘velha’, sempre tive vontade de correr os 42K, mas achava que seria muito sacrificante, que minha vida social seria ruim, então sempre adiava. Até que um dia decidi que não dava mais para correr por correr. Decidi correr a Maratona do Rio. O objetivo era completar e conhecer o tal sofrimento de que as pessoas tanto falam. Fui lá e fiz em menos de 4 horas. E os treinos não foram sacrificantes como eu achava. Continuei com minha vida normal durante a preparação”.

Objetivo alcançado e Mônica logo tratou de estabelecer o próximo: correr nada menos do que a Maratona de Boston. A inspiração veio na leitura do livro “Boston, a mais longa maratona”, do jornalista-corredor Sérgio Xavier.

“Decidi criar outras metas em minha cabeça e em 2017 depois de ler o livro decidi correr a Maratona do Rio para conseguir o índice para Boston. Completei a prova em 3h25. Vinte minutos do índice. E a chance de correr em Boston despertou em mim a vontade de estar nas melhores maratonas do mundo, as ‘World Marathon MAJORS’!

Com a vaga garantida, Mônica tratou de se preparar bem para Boston, em abril de 2018. Um ciclo perfeito de treinamento, que a deixou, como ela mesmo diz, ‘mega preparada’. E a prova ficou marcada pela chuva e pelo frio.

“Fiz um ciclo perfeito, mas no dia da prova caiu o mundo em Boston. Fez um frio de doer, com sensação térmica negativa, muita chuva e vento forte o tempo todo. Essa maratona ficou marcada e só quem estava lá sentiu na pele como foi. Completei a prova em 3h26, conseguindo o índice para voltar este ano. Não fui, mas ainda volto lá”, garante Monica.

Em Boston

A prova no Rio também havia dado à empresária o direito de correr a Maratona de Nova York, em novembro daquele ano sem precisar passar pelo sorteio. Ela seguiu treinando e pretendia baixar o tempo em relação a prova de Boston. Mas a um mês da prova, Mônica finalmente conheceu aquele tal sofrimento, típico de uma preparação para a maratona.

“Estava treinando superbem e queria tirar a forra de Boston, mas faltando um mês para a prova comecei a sentir muita dor na canela. Fiz uma ressonância que apontou fratura por estresse e fiquei sem correr quase duas semanas antes da prova. Mas eu queria completar a prova. Fui lá e fiz em 3h40. Apesar de ser uma prova muito dura, com muitas subidas, valeu cada quilômetro percorrido com muita dor pelas ruas de Nova York. Um dia volto lá”.

Determinação e competitividade são características herdadas do pai e compartilhadas com o irmão, que Mônica cultiva em si desde a época em que praticava triathlon.

“Eu sempre gostei muito da competição interna que tenho dentro de mim. Já fui até mais raçuda na época do triathlon. Apesar da idade sei que posso correr rápido uma maratona e neste ciclo estou focando um pouco em performance para colher em 2020″.

Enquanto Mônica mantém a determinação e a competitividade, o pai e o irmão Virgílio seguem incentivando. Com palavras e atitudes. Algo que, na verdade, não é novidade.

“Vivi o esporte dentro de casa desde pequena. Primeiro por causa do meu pai que fez as primeiras maratonas e provas de triathlon no Rio de Janeiro. Depois por causa do triatleta que meu irmão se transformou. Meus pais sempre me incentivaram muito. Eles vibram com todas as minhas corridas e me ajudam sempre. Minha mãe é minha chef, sempre fazendo as melhores refeições. E meu irmão sempre foi minha referência. Sempre fui muito fã e acreditei no potencial dele. Talvez até mais do que ele! Muito babona! Hoje em dia ele me incentiva e tira o meu melhor em cada longão. Já estamos no quarto ciclo de maratona juntos”.

Com o irmão Virgílio de Castilho

Junto aos planos de correr em Berlim este ano está a intenção de fazer a Maratona de Chicago em 2020. Por isso Mônica mantém uma disciplinada rotina de treinos, sem que isso lhe tire o prazer de correr e a sensação de que está fazendo algo pelo seu bem-estar.

“Gosto de correr para mim, para o meu bem-estar. Então fica mais fácil. Também tenho dentro de mim o dom natural para distâncias longas. Meu corpo se adapta muito rápido às semanas cansativas de treino. E conciliar com família e trabalho tem sido tranquilo. Meu dia começa bem cedo com os treinos e depois trabalho normal. Meu marido em casa super me apoia, não reclama dos treinos. Mas também não deixamos de fazer nada por causa de maratona. Aí fica mais fácil. Tenho uma rotina bem equilibrada e tento não deixar um ciclo de maratona impactar tanto em minha vida. Tenho uma vida social normal, faço os treinos longos no sábado e não deixo de sair, comer etc… Faço tudo dentro do planejado”, conta Mônica, que toca junto com o irmão Virgílio a De Castilho Sports, que organiza eventos esportivos, entre eles o Circuito Rio Antigo e a Meia do Porto. Tradicionais corridas de rua do Rio de Janeiro.

Com os pais

Apesar de viver o esporte por vezes 24 horas por dia, com os treinos para maratona e os negócios da empresa, Mônica garante que quando é preciso consegue se desligar totalmente da corrida. Algo que foi obrigada a aprender ao longo dos anos.

“Às vezes a cabeça fica pensando em corrida o dia inteiro. Mas consigo ficar off quando quero, afinal, vivo isso há muitos anos dentro de casa”.