Nunca é tarde para sonhar ou falar de São Silvestre

Nunca é tarde para sonhar ou falar de São Silvestre

19 de fevereiro de 2019 0 Por Paulo Prudente

A Corrida de São Silvestre é daquelas provas atemporais. Nunca é cedo demais ou tarde demais para se falar dela. E para quem curte corrida e sonha estar um dia naquelas ruas paulistanas, o tempo é algo relativo. O bancário Vítor Stemback, de 37 anos, atleta da MP Run, é prova disso. Depois de 24 anos, ele conseguiu realizar o sonho de correr a mais tradicional prova de corrida de rua do Brasil. E a realização deste sonho despertou outros no íntimo do corredor. Confira!

“Minha relação com a corrida começou quando eu passei a assistir a São Silvestre junto com meu pai, aos 10 anos de idade. Meu pai não era corredor, mas gostava de assistir. Eu achava incrível aqueles corredores numa velocidade de 20km/h.

Com o filho em sua primeira corrida kids

Quando fiz 13 anos falei que ia correr a São Silvestre quando fosse adulto. No ano seguinte tive um descolamento da patela do joelho esquerdo jogando bola e isso mudou completamente minha vida esportiva. O Ortopedista disse que eu nunca mais praticaria esporte e disse que eu teria sorte se ficasse sem sequela para andar.

Na época, em 1994, não tínhamos acesso a bons serviços médicos, que eram caros. Fiz uns dois anos de fisioterapia até conseguir andar direito, mas lembro que não fazia mais várias atividades. Meu joelho doía quando dobrado por muito tempo.

Em 1998 consegui voltar a praticar esportes de forma moderada. Em 2004, após algumas torções no tornozelo descobri que estava com um ligamento rompido no tornozelo esquerdo e por isso ele inchava muito. Os médicos especialistas disseram que eu não podia fazer atividade de impacto. Outros disseram que eu tinha que operar, mas não davam garantia de que ficaria bom. E mais uma vez eles disseram que nunca mais eu iria praticar esportes de impacto.

Encontrei um fisioterapeuta que me orientou a usar uma proteção para o tornozelo e fazer alguns exercícios com elástico. Eles causariam micro lesões que iriam cicatrizar e tornariam meu tornozelo mais resistente. Há cerca de quatro anos comecei o planejamento para correr, mas descobri que estava com uma lesão no joelho direito (condromalácia patelar) e um princípio de artrose. Fui aconselhado a não forçar porque estava com um princípio de artrose nos dois joelhos e pesando mais de 130 quilos. Interrompi os treinos e fui tratar a lesão.

Em novembro de 2016 fiz uma redução no estômago e consegui baixar meu peso de 137 para 102 quilos. Então decidi retomar meu projeto de correr. Peguei uma planilha de treinos na internet e comecei a treinar. Em três meses tive que parar novamente por causa da condromalácia no joelho direito e fiquei do fim de 2016 até o meio de 2017 tratando a lesão. Depois fiz fortalecimento muscular em 2017 e retornei aos treinos no fim de 2017.

Em 2018 decidi que voltaria ao projeto de correr a São Silvestre. Retornei aos treinos para provas de 5 e 10K. Novamente comecei a sentir a lesão no joelho. Procurei um médico especialista no esporte e ele me ajudou a tratar a lesão sem abandonar os treinos. Passei a correr com uma proteção, que diminuiu o impacto da corrida na lesão.

Minha evolução nos tempos e distâncias foi gradativa e durante um tempo achei que não ia conseguir correr a São Silvestre por sua dificuldade. Então, no fim de setembro procurei a MP Run em busca de uma assessoria que pudesse me auxiliar a melhorar minha técnica, diminuindo a dor da lesão e melhorando meu aproveitamento na corrida.

Conheci a MP através de uma corredora que sigo no Instagram. Procurava uma assessoria que me desse suporte presencial, diferentemente das assessorias online que já havia visto. Conheci o Márcio e a seriedade da equipe da MP no treinamento de seus alunos me chamou muito a atenção. Além de possuir um método diferenciado, baseado na metodologia VO2pro, que me fez evoluir muito rápido na corrida.

Quando falei para o Márcio que queria correr a São Silvestre, ele disse que o tempo era curto para quem estava voltando de lesão e que teríamos que evoluir aos poucos nas distâncias, para não agravar novamente a lesão. Então fizemos uma preparação bem cautelosa para correr a São Silvestre, mesmo sabendo que o rendimento na prova poderia não ser o ideal.

Evoluímos aos poucos e somente a duas semanas da prova fizemos treinos específicos de subia e descida com distâncias de 12 a 13 km. Nesse momento percebi que nas descidas muito acentuadas meu joelho doía muito. Então a MP me ajudou a desenvolver uma técnica que diminuísse o impacto nas descidas e que ajudasse a chegar no final com menos dor.

A corrida foi uma festa, curti cada momento. Cheguei cedo, tirei fotos com os amigos, com a galera fantasiada, uma animação só. Durante o percurso senti muita dificuldade em furar o bloqueio da multidão e acabei desistindo. Fui no ritmo deles, o que prejudicou um pouco a minha prova e me fez chegar na Brigadeiro já sem fôlego e pernas. Mas consegui subir devagar e completar a prova.

Adorei a sensação! Para mim, foi a realização de um sonho de 24 anos, por que desde os 13 que acompanho a prova e sonhava em correr. Foi incrível, mágico! Em 2020 quero correr novamente. Esse ano meu objetivo é correr o circuito de meias maratonas da RunCities no Rio, em São Paulo e em Brasília. No Rio, em 7 de abril vou correr minha primeira meia maratona. Um grande desafio.

Depois do circuito de meias, quero me preparar para uma maratona e mais à frente, se tiver saúde, quero chegar na ultramaratona. Quero me tornar um incentivador do esporte. Hoje eu incentivo numa escala menor, mas quero ser um incentivador numa escala maior. Alcançar o maior número de pessoas possível. Hoje a corrida é uma parte fundamental da minha vida, por que ao mesmo tempo em que é um esporte pelo qual me apaixonei, também faz parte da minha terapia para combater a depressão e a ansiedade. Hoje eu não me vejo sem a corrida”