Sofia Gomes, da Go Runners: ‘Na corrida somos obrigados a vencer a nós mesmos!’
Há cerca de dois anos a servidora pública federal Sofia Gomes , de 52 anos, deixou que a corrida entrasse em sua vida. A entrada foi um pouquinho torta, aliás, ‘atrapalhada’ como ela mesmo diz. Moradora de Natal e atleta da Go Runners, Sofia é determinada e segue firme em busca do seu objetivo: correr uma meia maratona! Confira!
“Comecei a correr quando completei 50 anos. Estava com dificuldade para manter o peso e recebi o convite de uma amiga para participar de uma corrida de fim de ano, a Corrida da Virada! Uma corrida com percursos de 10 e 21K. Minha amiga disse para eu me inscrever nos 10K, correr 5K e caminhar os outros 5K.
E assim eu fiz! Me inscrevi na corrida e peguei uma planilha de treinos na internet. Treinei três semanas na esteira sem jamais ter corrido antes. No dia da corrida fiquei tão empolgada com a energia das pessoas e achei tudo tão bacana, que acabei correndo os 10K. E assim, meio atrapalhado, correndo 10K logo na primeira corrida, foi o meu começo. Fui sem óculos, sem viseira, sem relógio e sem tênis apropriado. Não tinha a menor noção do que era uma corrida. Mas, me apaixonei ao sentir a energia e ver a diversidade de pessoas. Havia velho, novo, gordo, magro, alto, baixo… Gente correndo e gente caminhando… Ali eu resolvi adotar a corrida como minha prática esportiva.
Mas por conta do meu começo meio atrapalhado, logo sofri com uma canelite, que me afeta até hoje. Era para eu ter começado andando e correndo um pouco. Depois, correr um pouco mais, um quilômetro, dois, três…, mas já fui logo correndo 10 quilômetros. Sou uma pessoa muito determinada, mas um pouco teimosa. Acho que todo corredor é um pouco teimoso. E o resultado é que até hoje luto contra a canelite.
Eu estava evoluindo bem… Aliás, é impressionante quando corremos 5K a primeira vez. Pensamos em ficar só nesta distância, mas vamos nos condicionando cada vez mais e quando percebemos estamos correndo 10, 12 quilômetros. Eu já estava correndo 13 e me preparando para correr 21 quando sofri outra lesão: uma fascite plantar, de que estou cuidando. Perto dela, a canelite passou a ser um problema menor. Neste momento estou focada nos alongamentos, na fisioterapia… recuei um pouco na corrida. Mas está sendo bacana, porque estou ganhando mais consciência do meu corpo, da minha pisada, da minha postura corporal. Estou fortalecendo as articulações… tenho tudo para evoluir bem. Mas, segundo o meu treinador, Fabiano Pezzi, eu tenho um probleminha: o perfeccionismo.
Estou há um ano e meio na Go Runners. É uma ótima assessoria, com professores atenciosos e preocupados. É bacana correr com eles, por que além de termos todo o cuidado em relação a volume e ritmo de treino, temos a chance de tirar dúvidas em relação a várias coisas envolvidas com nossa saúde e nosso bem-estar. Há, por parte dos professores, um aspecto humano muito forte. Uma preocupação em como vamos evoluir e em como precisamos ter cuidados com o nosso corpo. Isso é muito bacana. Mas estar numa assessoria também é bacana pelo sentimento de pertencer a um time, uma equipe. As pessoas se motivam e se estimulam mutuamente, nos treinos e nas provas. É um referencial para os atletas.
Acho que todo corredor tem um pouco de dificuldade para conciliar os treinos com o trabalho e com a família. Mas a minha maior dificuldade é acordar cedo para treinar. Preciso de muitas horas de sono e às vezes preciso dormir tarde por causa das muitas atividades que tenho. Como em Natal o sol é muito forte, somos obrigamos a treinar bem cedo. Mas no geral eu consigo conciliar tudo com os treinos.
Sempre fui uma pessoa muito ativa. Fiz musculação a vida inteira, desde os 18 anos. A corrida veio como um complemento. Eu viajo muito e ando muito durante o trabalho. A corrida me dá mais disposição e uma boa capacidade respiratória. Sem contar que ameniza o nosso estresse, nos apresenta novos amigos, gente interessante… Um povo saudável!
No meu caso, e acho que de muitos, a corrida é um misto de preparo físico e mental. Ela nos fortalece muito nos dois sentidos. Na corrida somos obrigados a vencer a nós mesmos e então percebemos como somos fortes. Correr exige poder mental. Minha última corrida foi o Desafio da Santa. Estava lesionada, mas como já havia me inscrito e a prova tem uma proposta diferente, eu fui. Saímos do asfalto e fomos para o interior, correndo até chegar ao Santuário de Santa Rita. Lá ainda tivemos que subir até o pé da santa. Uma subida muito difícil, em espiral. Quanto mais subíamos, mais íngreme ficava. Um trabalho mental muito grande para não desistir. Foi preciso força nas pernas e força mental!
Hoje minha meta é correr 21K. Meus treinos estavam bem, seguindo a planilha antes da lesão. Estou inscrita na Meia Maratona do Sol, em 21 de setembro. Mas como tive que recuar, talvez tenha que adiar um pouco.”
Eu sempre digo comigo mesmo que não dá mais tempo porém vendo você com toda essa força, com todo este intuziasmo eu acho que nunca é tarde para começar.