XC RUN Búzios e Duce Cravo: ´Sou extremamente apaixonada por esta prova e só deixarei de participar se ela deixar de existir ou quando eu morrer`
Estamos a praticamente um mês de mais uma edição da XC RUN Búzios, uma das provas trail mais desejadas do nosso calendário. E com a proximidade da prova – 28 de outubro – as histórias em torno dela começam a surgir e se revelar. Cada inscrição e número de peito tem por trás um atleta com uma jornada digna de ser contada.
Como a da psicóloga e profissional de educação física Dulce Cravo, 45 anos, que participa da prova desde 2010. Já correu os revezamentos de quarteto e de duplas, e os 42K solo. Atleta e coordenadora de trail run da Assessoria Esportiva Morone, do Rio, Dulce considera a XC RUN uma prova obrigatória no seu calendário pessoal.
´´Me tornei ultramaratonista de montanha em 2015, mas participo da XC desde 2010 e o que mais me encanta nessa prova é o cenário e a natureza que habitam em Búzios. É incrível como cada edição da prova a natureza se comporta de forma diferente, tornando o cenário encantador, o percurso desafiador e a satisfação garantida. Sou extremamente apaixonada por esta prova e só deixarei de participar se ela deixar de existir ou quando eu morrer.“
Dulce começou a correr em 2009, inspirada pelo irmão, o jornalista Edgard Cravo, hoje com 52 anos. Ela achava a corrida um esporte sem graça, monótono e solitário, até assistir a chegada do irmão na meia maratona dentro da Maratona do Rio em 2008.
´´Vendo aquilo passei a admirar os atletas. Senti a vibe da arena, as emoções dos corredores e orgulho de ver meu irmão correr da Barra da Tijuca ao Aterro do Flamengo e exibir feliz a medalha dos 21Km. No ano seguinte ele me inscreveu nos 6km da Family Run que acontecia dentro da Maratona do Rio. Junto com minha mãe, Gecy Cravo, hoje com 82 anos, me senti orgulhosa em completar e experimentado a emoção maior de pegar a minha medalha e pendurar no pescoço“.
Em 14 anos de corrida, Dulce experimentou de tudo um pouco. Das provas curtas às ultramaratonas, no asfalto e nas montanhas. Passando por um acidente automobilístico, em 2017, que a deixou em reabilitação por alguns meses.
´´Fiz minha primeira maratona no asfalto em 2014 e na montanha em 2015. Estava me preparando para correr 100Km quando o acidente me deixou com uma deficiência temporária de membros inferiores. Passei por uma cirurgia de coluna para reconstruir o nervo ciático e pela reabilitação para reaprender os movimentos e só 11 meses depois voltei a correr“, conta Dulce, que em 2018 voltou a correr e começou a estudar Educação Física.
Uma jornada de força de perseverança que a trouxeram até aqui, até mais um ciclo de treinamentos para os 42K da XC RUN Búzios. Uma rotina que inclui o trabalho diário na assessoria, das 6h às 21h, e eventualmente aos domingos quando tem prova.
´´Uma rotina de treinos nada fácil de se manter. Me sobra apenas o sábado para os longões e ainda assim equilibrar com alguns compromissos profissionais dentre as modalidades que eu atuo na educação física. Durante a semana minha mochila carrega as roupas e acessórios para algum possível treino que possa surgir de acordo com cancelamento e de aulas que possam ocorrer“, revela a corredora.
Mas o que leva alguém que tem uma rotina dura e cansativa e se preparar para passar de cinco a seis horas correndo no maior perrengue? Afinal se estiver sol, haja calor! Se estiver chovendo, haja lama! E se estiver nublado, lá se foi um pouco da beleza do percurso!
´´Meu objetivo na XC RUN sempre foi, é e sempre será me aventurar no cenário natural e surpreendente que a prova oferece. Passar horas correndo e desbravando praias e trilhas de Búzios é uma programação fantástica. Por mais que eu faça a prova desde 2010, as surpresas da natureza me incentivam a estar em toda edição. Com chuva, com sol, céu nublado, maré alta, maré baixa, um ano com pântano, outro ano com boa parte em asfalto, a subida da Emerências em Tucuns… cada ano uma agradável surpresa que só a XC consegue proporcionar“, conta Dulce.
Entre tantas experiências em Búzios, a corredora elegeu a edição de 2013 como a inesquecível.
´´Corri pela primeira vez os 42K em dupla com meu irmão, com nossa mãe na torcida e numa viagem entre amigos. Ah… e ainda sai de Búzios namorando. Um namoro que durou quase cinco anos e que a cada edição seguinte de Búzios era aquela corrida lado a lado, em parceria e cumplicidade´´.
Dulce confessa que a jornada de treinos não sido fácil de planejar e muito menos de administrar. O trabalho na Educação Física consome boa parte do tempo e o quando consegue, Dulce opta por correr sempre em trilhas e estradas com aclives e declives, com foco apenas na rodagem, sem muita preocupação com a performance. Nesse ponto, a parceria com Marcello Morone tem sido essencial.
´´Ele é um amigo, parceiro de trabalho dedicado e incentivador de novos desafios. É mais que um chefe. É o cara que acredita no meu potencial profissional uma vez que já trabalho com ele em sua assessoria há cinco anos. Lá, tornei-me coordenadora trail em nosso projeto de corrida de montanha. Tenho nele um gestor, amigo, nutricionista esportivo (ele quem cuida da minha educação alimentar) e sei que é em quem eu posso contar em qualquer situação pessoal ou profissional“.